É frequente escutar nas consultas de nutrição, frases como “eu não tenho fome, mas passo o dia a petiscar” ou “durante o dia, tudo bem, mas quando saio do trabalho, perco o controlo e não consigo evitá-lo”. E a temida desculpa… “nunca gostei de doces, mas agora tenho uma perdição por chocolate e se me distraio como uma tablete inteira”.
Perante estas afirmações apenas podemos afirmar que estamos perante a denominada “fome emocional”, na maioria destes casos. Vamos ver como podemos ultrapassar isto.
O que é a fome emocional?
A fome que podemos identificar como “normal”, é a fome fisiológica, que é aquela em que o corpo pede comida por uma necessidade nutricional, ou seja, porque lhe falta energia.
Mas, paralelamente, em determinadas ocasiões, também aparece a fome emocional, que é uma fome que não é real, já que não aparece por falta de energia, mas porque nos leva a comer mais por uma necessidade psicológica, relacionada com as emoções ou pensamentos.
Comer por fome emocional é um ato através do qual tentamos encontrar prazer na comida, usar a comida como recompensa ou como medida reconfortante. E costumamos fazê-lo quando não gerimos de forma correta as nossas emoções. Por conseguinte, na nossa busca pelo segredo para acabar com a fome emocional, o objetivo será “gerir bem as nossas emoções”. Vejamos os passos a seguir.
Passos a seguir para acabar com a fome emocional
1. Escute-se
Este passo é o mais importante, uma vez que muitas vezes não sabemos diferenciar os tipos de fome e comemos a achar que é algo que o corpo nos pede mas na realidade isso não é verdade. Assim, pare e escute-se. A fome que sinto é real ou emocional? Como posso saber a diferença? Pois, a fome real começa de forma suave na região do estômago e vai aumentando de intensidade à medida que o tempo passa e não responde a alimentos em concreto, apenas quer comida, não importa qual. No entanto, a fome emocional começa repentinamente, a sua sensação costuma situar-se na zona da garganta e, para além disso, responde a um ou vários alimentos em concreto. Ou seja, um capricho.
2. Beba água e deixe que passem uns minutos
Para ter a certeza e evitar cometer excessos, poderá experimentar este truque. Beba um copo de água ou uma infusão, por exemplo. Deixe passar uns minutos para avaliar se essa fome persiste. Se assim for, é provável que se trate de fome real.
3. Analise o que esteve a fazer antes de sentir fome emocional
Poderá travar a onda de fome emocional se analisar o que fez anteriormente. Suponhamos que está no trabalho. Está feliz no trabalho? Pode melhorar a situação para torná-lo menos cansativo? Trata-se de encontrar uma motivação, que impeça que o cérebro acabe procurando o prazer na comida.
4. Mude de rotinas
Normalmente a fome emocional aparece durante a tarde ou à noite. Se costuma ter uma rotina, como por exemplo, ao sair do trabalho faz sempre o mesmo caminho, chega a casa, põe-se confortável e deita-se no sofá e, nesse momento, aparece essa fome, vamos então enganar o cérebro! Pode sair do trabalho e mudar de caminho, desfrute das novas paisagens ou montras ou das pessoas com que se cruza, e faça-o com calma. Quando chegar a casa, pode tomar um duche, pôr música e cantar e, depois, preparar uma infusão. Ou então, leve consigo um saco de desporto e vá diretamente fazer exercício. Esta é outra excelente forma de acabar com a fome emocional!
5. Desligue-se durante um bocado todos os dias
O facto de se desligar para se ligar a si mesmo é um “must” se for uma pessoa com fome emocional. Poderá fazê-lo com um momento de meditação, de leitura, com algum hobby que goste, ou fazendo alguma atividade física que lhe permita deixar de lado os seus pensamentos por um momento. E é a melhor maneira de dominar os seus pensamentos!
6. Coma com atenção
Coma olhando para o que tem no prato, mastigando com a intenção de aproveitar todo o sabor, deleitando-se com a comida, e com tempo. Largue os talheres de vem em quando, permita que o seu cérebro entenda o que está a comer, permita que desfrute. Comer com atenção ajuda a evitar comer de forma compulsiva.
7. Alimente os seus sentidos
Se o cérebro nos leva a comer de forma emocional é porque os nossos sentidos têm fome, mas fome de serem satisfeitos! Poderá satisfazê-los desfrutando dos seus momentos livres a observar a natureza, fazendo festas a animais, experimentando novos pratos ou ingredientes (e comendo-os com atenção), passando tempo com amigos ou familiares… Preencha os seus sentidos para que, estes, não tenham necessidade de procurar prazer na comida. Além disso, irá sentir-se muito relaxado(a)!
E um último conselho é que não se proíba. Se lhe apetecer comer alguma coisa, coma, mas faça-o sempre com atenção e desfrutando. Poderá tentar também incorporar alimentos mais ricos em fibra, que entre alguns dos seus benefícios se encontra o facto de que ajudarem a saciar mais. Assim, certamente que conseguirá perceber se tem fome emocional ou real!
Embora no início possa ser uma tarefa difícil, pôr em prática estes conselhos irá ajudá-lo(a) a superar a fome emocional, e poderá desfrutar de comer sem sentir descontrolo!